Reclamação trabalhista: o manual completo de 2024

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Por Modelo Inicial
23/08/2024  
Reclamação trabalhista: o manual completo de 2024 - Trabalhista
Você sabe como elaborar uma reclamação trabalhista de qualidade e completa? Confira detalhes neste post!

Neste artigo:
  1. Principais razões que geram processos trabalhistas
  2. Quem Pode Apresentar uma Reclamação Trabalhista?
  3. Passo a passo de uma Reclamação Trabalhista
  4. Endereçamento
  5. Qualificação das partes
  6. Identificação da peça
  7. Causa de pedir
  8. Pedido
  9. Valor da Causa
  10. Assinatura
  11. Litigância de má fé
  12. Petições muito longas
  13. Organização

A reclamação trabalhista, chamada também de dissídio trabalhista ou reclamatória trabalhista, é a ferramenta que o trabalhador dispõe em face do empregador com o intuito de fazer valer judicialmente os seus direitos violados.

Trata-se de uma ação judicial na qual o empregado pleiteia, pela via judicial, o reconhecimento de seus direitos e pede a reparação por eventuais prejuízos sofridos em decorrência do não cumprimento das disposições contidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e em legislação esparsa.

Quer saber mais sobre esse instrumento processual? Neste post, vamos apresentar um passo a passo de como elaborar uma reclamação trabalhista, mostrando quais os requisitos e cuidados necessários ao montar essa peça processual. Acompanhe a leitura!

Principais razões que geram processos trabalhistas

A CLT assegura aos trabalhadores uma série de direitos relacionados ao seu bem-estar e integridade física e psíquica, ao desempenho de suas funções perante o empregador, a segurança e outras questões.

Diante disso, qualquer desobediência a essas normas legais pode ensejar o ajuizamento de uma reclamação trabalhista. Assim, caso o empregado se sinta injustiçado com alguma prática realizada pelo empregador pode pleitear seus direitos judicialmente. A partir daí, a parte ré deverá se defender por meio da contestação trabalhista.

Conheça, abaixo, quais são os principais motivos que fazem nascer o direito de ajuizamento de reclamações trabalhistas na justiça:

  • conflitos em relação à carga horária cumprida pelo funcionário: nos casos em que a duração da jornada de trabalho é superior ao tempo registrado na carteira de trabalho do empregado, tempo de intervalo insuficiente ou não cumprido, ausência de registro de ponto que inviabiliza o controle total do horário do empregado;
  • carga pesada de trabalho: o trabalho do empregado vai além das tarefas determinadas na carteira de trabalho, ou ele fica incumbido de realizar funções durante uma jornada de trabalho excessiva;
  • registro inadequado: nos casos em que o registro do funcionário é superficial, não apresenta claramente as funções desempenhadas por ele ou está desatualizado;
  • ausência de pagamento dos direitos trabalhistas devidos: atraso do salário, não pagamento de horas extras, de férias proporcionais ao tempo de serviço, adicionais por trabalho em horário noturno, insalubridade e periculosidade, falta de pagamento de aviso prévio, comissão nas verbas trabalhistas, verbas rescisórias, redução salarial não convencionada ou qualquer outra questão;
  • período de experiência não registrado: é devido nos casos em que o registro na carteira de trabalho do empregado somente é feito com o início da prestação de serviços efetiva, sem contar o prazo de experiência;
  • pagamento "por fora": ocorre quando o empregador registra um pagamento inferior àquele valor que o empregado realmente recebe. O valor restante é pago na mão do funcionário. Essa prática visa burlar o recolhimento de impostos e fraudar o sistema tributário e previdenciário.

Quem Pode Apresentar uma Reclamação Trabalhista?

Toda relação de emprego permite a revisão das condições de trabalho junto à Justiça do trabalho, sendo que tanto o empregado quanto o trabalhador podem ingressar com uma ação trabalhista.

Passo a passo de uma Reclamação Trabalhista

A reclamação poderá ser escrita ou verbal. Sendo escrita, a peça deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

Em caso de não observância desses requisitos, os pedidos serão julgados extintos sem resolução do mérito. Confira, a seguir, as principais estruturas que devem estar presentes em uma reclamação trabalhista.

Endereçamento

O endereçamento indica o foro que será competente para julgar a demanda. É nele que se declina a Vara do Trabalho, o Tribunal Regional do Trabalho ou Tribunal Superior do Trabalho, conforme a matéria a ser analisada e o momento processual em que ela está sendo discutida.

O endereçamento é determinado a partir da competência em razão da matéria, conforme determina o art. 114 da Constituição Federal.

Qualificação das partes

A qualificação serve para identificar as partes que fazem parte do processo. É uma forma de individualizar autores e réus e evitar os efeitos da revelia, por exemplo.

A qualificação é realizada da seguinte forma:

  • reclamante: nome completo, estado civil, nacionalidade, profissão, domicílio e residência com CEP, CPF, RG - com o órgão expedidor, número da CTPS, PIS, endereço eletrônico, data de nascimento e a qualificação do representante legal (advogado) com a devida procuração;
  • reclamado: nome completo, endereço e CNPJ da empresa, cópia do contrato social e última alteração, constando o CPF dos sócios, qualificação do representante legal.

Identificação da peça

É importante apresentar o tipo de peça que está sendo ajuizada, ou seja, a reclamação trabalhista, bem como a sua previsão legal. Nesse caso, se pode combinar os arts. 840; 840 §1º da CLT conjuntamente com o art. 319 do CPC, além do art. 769 da CLT.

Causa de pedir

A causa de pedir deve trazer uma breve exposição dos fatos alegados pelo autor. O seu conteúdo deve abordar as narrativas dos fatos ocorridos que, segundo o autor, violaram o seu direito enquanto empregado e geraram as consequências jurídicas pretendidas. Além disso, é importante mencionar a proposta de enquadramento do fato numa norma jurídica ou no ordenamento jurídico.

Pedido

É o resumo da causa de pedir. Isso significa que o autor deve pleitear a procedência os pedidos que deseja obter com a satisfação da sua pretensão. Um exemplo é o pedido de reconhecimento e procedência do pedido de assistência judiciária gratuita, a notificação da parte reclamada, a produção de provas e a condenação do reclamado ao pagamento das verbas devidas, com o acréscimo de juros e correção monetária contados a partir da citação, bem como a procedência de danos morais.

Valor da Causa

O valor da causa determina o tipo de procedimento a ser observado para o processo. Nesse sentido, o procedimento ordinário deve ser seguido caso a causa tenha um valor acima de 40 salários-mínimos. Por sua vez, o procedimento sumaríssimo é usado quando a causa é de até 2 salários-mínimos, por exemplo.

Assinatura

É importante constar o local e data. Após isso, deve aparecer a assinatura do advogado e seu respectivo número de ordem na Ordem dos Advogados do Brasil.

A reclamação trabalhista é devida nos casos em que o empregado tenha os seus direitos lesados ou não cumpridos. Essa peça processual dá impulso ao processo trabalhista e formaliza a demanda na Justiça do Trabalho, ensejando o direito de apresentação de contestação pela parte ré.

Nesse sentido, é importante saber como elaborar uma peça de qualidade e contendo informações claras e completas para não correr o risco de ter o pedido julgamento improcedente nem incorrer em litigância de má-fé.

Litigância de má fé

É crucial extrair do cliente o máximo de informações, especialmente aquelas que fragilizam o pleito, pois surpresas na fase instrutória, além de comprometerem o processo, podem colocar em risco a ética do profissional.

Uma dica para não cometer a litigância de má-fé é não ingressar com ações temerárias e sem provas. Nos casos em que a prova estiver comprometida, o ideal é pedir que o cliente assine um termo de veracidade. O seu modelo, contendo os fatos e provas disponibilizadas para se resguardar de eventual responsabilização profissional por litigância de má-fé, pode ser encontrado aqui.

Petições muito longas

No momento de redigir a inicial é preciso considerar que, de maneira geral, o Poder Judiciário é sobrecarregado e, portanto, uma petição curta, mas que apresenta todas as informações que são necessárias, conta com mais chances de ser julgada de maneira satisfatória e em prazo razoável.

Apesar de se tratar de um ramo que tem um tradicional apego ao formalismo, também é recomendado não usar de maneira excessiva expressões em latim, termos arcaicos e linguagem muito rebuscada, afinal, é possível escrever corretamente de maneira objetiva, simples e eficiente.

Também é recomendado não redigir frases ou sentido ambíguo, sarcásticas ou irônicas, pois tratar a todos os envolvidos no processo de maneira respeitosa é uma maneira de, consequentemente, ser respeitado. O ideal é que o advogado nunca se esqueça do seu dever geral de urbanidade, previsto no parágrafo único do artigo 33 do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94).

Organização

Um erro que pode ser fatal é a falta de organização em um processo, afinal, além de a petição inicial ser clara, objetiva e contar com a escrita adequada, ela deve ser organizada para apresentar a narração dos fatos da maneira mais fiel possível e em ordem cronológica.

Ou seja, toda a petição inicial deve estar devidamente organizada, bem como os documentos que serão juntados ao processo. A organização é importante, inclusive, para que a imagem do advogado perante o seu cliente e ao magistrado seja preservada, uma vez que ela pode ser danificada por descuidos desnecessários relacionados à falta de organização.

Uma dica para manter os documentos sempre organizados é fazer uma lista acerca de toda a documentação e anexá-la à petição inicial. Dessa maneira, o magistrado não deve enfrentar qualquer problema para identificar o que foi alegado pelo autor.

Por fim, conheça os nossos modelos de reclamação trabalhista!

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Comentários

muito bom ..
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1  Conteúdo com ótima qualidade.  2  Se permite, fazer um adendo, em referência ao texto que menciona os  ritos... 3. Ordinário cujo valor ultrapassar 40 salários mínimos vigente... Sumarissimo acima de 02 [dois] salários até 40 salários mínimos.... Sumário até 02 [dois] salários. 
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parabenizo pela relevância  desse artigo, o que nos traz  ao pensamento de uma enorme segurança jurídica no âmbito do  exercício  de nossa profissão.
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Agostinho Bilhim Pereira, informações muito úteis para meus estudos, pois estou cursando o 7º período do curso de graduação em Direito.
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Conteúdo do artigo muito útil e bem didático, porém, sugiro sempre citar o Autor do Presente Artigo como valorização profissional. Abraços.
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Parabenizo pelo conteúdo
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